Principais tipos de megacólon e como identificar
O megacólon é a dilatação do intestino grosso, acompanhada de dificuldade para eliminar fezes e gases, causado por lesões nas terminações nervosas do intestino. Ele pode ser consequência de uma doença congênita do bebê, conhecida como doença de Hirschsprung, ou pode ser adquirida ao longo da vida, devido à doença de Chagas, por exemplo.
Outra forma de megacólon acontece por uma aguda e grave inflamação intestinal, chamada de megacólon tóxico, que costuma ser desenvolvida por pessoas com doença inflamatória intestinal, causando intensa dilatação do intestino, febre, batimentos cardíacos acelerados e risco de morte.
Com a perda das contrações e movimentos intestinais nesta doença, surgem sinais e sintomas como prisão de ventre que piora ao longo do tempo, vômitos, inchaço e dor abdominal. Apesar de não ter cura, o megacólon pode ser tratado de acordo com a sua causa, e consiste no alívio dos sintomas, com o uso de laxantes e lavagens intestinais, ou na realização de cirurgia para retirada da parte afetada do intestino, corrigindo de forma mais definitiva as alterações.
Principais sinais e sintomas
Devido ao comprometimento da capacidade de movimentação intestinal, os sinais e sintomas do megacólon incluem:
- Constipação intestinal, ou prisão de ventre, que piora ao longo do tempo, e pode chegar até a total parada de eliminação de fezes e gases;
- Necessidade de uso de laxantes ou lavagem intestinal para evacuar;
- Inchaço e desconforto abdominal;
- Náuseas e vômitos, que podem ser graves e, até, eliminar o conteúdo das fezes.
A intensidade destes sintomas varia de acordo com a gravidade da doença, por isso, os sintomas podem ser notados já nos primeiros dias de vida, como no caso do megacólon congênito, ou podem ser evidenciados após meses ou anos do início do quadro, como no caso do megacólon adquirido, já que a doença progride lentamente.
Principais causas
O megacólon pode acontecer por diversas causas, que podem surgir desde o nascimento ou serem adquiridas ao longo da vida. As causas mais comuns são:
1. Megacólon congênito
Esta alteração, conhecida como doença de Hirschsprung, é uma doença que já nasce com o bebê, devido a uma deficiência ou ausência de fibras nervosas no intestino, o que impede o seu funcionamento adequado para a eliminação das fezes, que ficam acumuladas e causam os sintomas.
Esta doença é rara, causada por alterações genéticas, e os sintomas já podem surgir desde as primeiras horas ou dias após o nascimento. Entretanto, se as alterações e os sintomas forem leves, pode-se demorar semanas ou meses até se identificar corretamente a doença e, nestes casos, é comum que o bebê tenha um atraso no crescimento, devido a uma menor capacidade de absorção dos nutrientes dos alimentos.
Como confirmar: o diagnóstico do megacólon congênito é feito pela observação dos sintomas da criança pelo médico, realização do exame físico, além da solicitação de exames como raio-x do abdômen, enema opaco, manometria anorretal e biópsia retal, que permitem confirmar a doença.
Como tratar: inicialmente, pode ser feita uma cirurgia temporária de colostomia para permitir a eliminação das fezes pelo bebê através de uma pequena bolsa que fica colada à barriga. Em seguida, é programada uma cirurgia definitiva, por volta dos 10-11 meses de idade, com retirada da parte intestinal prejudicada e reestruturação do trânsito intestinal.
2. Megacólon adquirido
A principal causa e megacólon adquirido é a Doença de Chagas, situação conhecida por megacólon chagásico, que acontece por lesões nas terminação nervosas intestinais provocadas devido à infecção pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitido pela picada do inseto barbeiro.
Outras causas de dilatação e parada do funcionamento intestinal que são adquiridas ao longo da vida, são:
- Paralisia cerebral;
- Neuropatia diabética;
- Lesões da medula espinhal;
- Doenças endocrinológicas como hipotireoidismo, feocromocitoma ou porfiria;
- Alterações nos eletrólitos do sangue, como deficiências do potássio, sódio e cloro;
- Doenças sistêmicas como esclerodermia ou amiloidose;
- Cicatrizes intestinais, causadas por radioterapia ou isquemia intestinal;
- Uso crônico de remédios constipantes, como anti-colinésgicos e anti-espasmódicos, ou laxantes;
O megacólon também pode ser do tipo funcional, em que não se sabe a causa exata, mas que, provavelmente, se origina devido a uma constipação intestinal crônica, grave e que não é corretamente tratada e piora ao longo do tempo.
Como confirmar: para diagnosticar o megacólon adquirido, é necessária uma avaliação do gastroenterologista ou coloproctologista, que irá analisar a história clínica e o exame físico, e solicitar exames como raio-x do abdômen, enema opaco e, em casos de dúvidas quanto à causa da doença, a biopsia intestinal, permitindo a confirmação.
Como tratar: o tratamento é feito para permitir a eliminação de fezes e gases pelo intestino, podendo, inicialmente, ser feito com a ajuda de laxantes, como Lactulose ou Bisacodil, por exemplo, e lavagens intestinais, entretanto, quando os sintomas são intensos e com pouca melhora, é programada uma cirurgia de retirada da parte afetada do intestino, pelo coloproctologista.
3. Megacólon tóxico
O megacólon tóxico é uma complicação aguda e grave de algum tipo de inflamação intestinal, principalmente por casos de doença de Chron ou retocolite ulcerativa, embora possa estar associada a qualquer tipo de colite, seja devido a uma torção intestinal, diverticulite, isquemia intestinal ou uma obstrução por câncer do cólon.
Durante um quadro de megacólon tóxico, há uma intensa dilatação do intestino que tem evolução rápida, grave e que causa risco de morte, devido à intensa inflamação que acontece no organismo. Além disso, surgem sinais e sintomas como febre superior a 38,5ºC, frequência cardíaca acima de 120 batimentos por minuto, excesso de glóbulos brancos na circulação sanguínea, anemia, desidratação, confusão mental, alteração dos eletrólitos do sangue e queda da pressão arterial.
Como confirmar: a confirmação do megacólon tóxico é feita pela avaliação médico através da análise do raio-x de abdômen, que evidencia uma dilatação intestinal maior que 6 cm de largura, exame físico e sinais e sintomas clínicos.
Como tratar: o tratamento é voltado para controle dos sintomas, reposição dos eletrólitos do sangue, uso de antibióticos e outros medicamentos para diminuir a inflamação intestinal, como corticóides e anti-inflamatórios. Entretanto, caso a doença continue piorando, pode ser indicada a cirurgia de retirada total do intestino grosso, como forma de eliminar o foco da inflamação e permitir a recuperação da pessoa afetada.