Como funciona a hipotermia terapêutica após parada cardíaca
A hipotermia terapêutica é uma técnica médica utilizada após uma parada cardíaca, que consiste no resfriamento do corpo para diminuir o risco de lesões neurológicas, aumentando as chances de sobrevivência e prevenindo sequelas, assim que o coração volta a bater.
Esta técnica deve ser inciada o mais rápido possível após a parada cardíaca, pois o sangue deixa imediatamente de transportar a quantidade necessária de oxigênio para o funcionamento do cérebro, mas pode ser atrasada até 6 horas após o coração voltar a bater. Porém, nestes casos o risco de desenvolver sequelas é maior.
Como é feito
Para o resfriamento do corpo os médicos podem utilizar várias técnicas, no entanto, as mais utilizadas incluem o uso de compressas de gelo, colchões térmicos, capacete de gelo ou soro gelado direto na veia dos pacientes, até que a temperatura atinja os 32°C.
Além disso, a equipe médica também utiliza remédios relaxantes para garantir o conforto da pessoa e evitar o surgimento de tremores.
Geralmente, a hipotermia é mantida durante 24 horas e, durante esse tempo, a frequência cardíaca, a pressão arterial e outros sinais vitais são constantemente vigiados por um enfermeiro de forma a evitar complicações graves. Após esse tempo, o corpo é lentamente aquecido até atingir a temperatura de 37ºC.
Porque funciona
O mecanismo de ação desta técnica ainda não é completamente conhecido, porém, acredita-se que a redução da temperatura corporal diminui a atividade elétrica do cérebro, reduzindo o gasto de oxigênio. Dessa forma, mesmo que o coração não esteja bombeando a quantidade de sangue necessária, o cérebro continua a ter o oxigênio necessário para funcionar.
Além disso, a redução da temperatura corporal também ajuda a evitar o desenvolvimento da inflamação no tecido cerebral, que aumenta o risco de lesões nos neurônios.
Possíveis complicações
Embora seja uma técnica bastante segura, quando é feita no hospital, a hipotermia terapêutica também tem alguns riscos, como:
- Alteração do ritmo cardíaco, devido à diminuição acentuada dos batimentos cardíacos;
- Diminuição da coagulação, aumentando o risco de sangramentos;
- Aumento das quantidades de açúcar no sangue.
Devido a estas complicações, a técnica só pode ser feita em uma Unidade de Terapia Intensiva e por uma equipe médica treinada, uma vez que é necessário fazer várias avaliações ao longo das 24 horas, para diminuir as chances de desenvolver qualquer tipo de complicação.